MAIS
HISTÓRIA DA ESCOLA NORMAL
Maria
Desta
vez, quem acrescenta fatos da história da Escola Estadual Francisco Campos, é
DR. AUGUSTO DE MELLO NETTO que, a meu pedido, enriqueceu os dados sobre o
período em que sua Esposa, MARIA INEZ DE MENEZES MELLO –( in memoriam) foi
professora e Diretora do tradicional estabelecimento, além de relembrar outros
dados, preciosos para todos os que se interessam por nosso passado.
....................................................................................................
“Ao lado do prédio da Escola
Normal, foi construído o prédio das Classes Anexas, mas o uso do prédio foi
outro. Cedido a freiras que fizeram dele o Pensionato São José, muito
necessário para abrigar as alunas de outros municípios. O Pensionato São José
abrigava alunas de outros municípios vizinhos: Abaeté, Morada Nova, Bom
Despacho, Luz, Estrela do Indaiá, Melo Viana, São Gotardo e Tiros. Em 1959 foi
destruído por um incêndio.
O APOGEU.
Para lecionar na Escola Normal, foram contratados professores
de fora. Muitos contribuíram para o enriquecimento cultural da cidade. Foi uma
soma, porque Dores já tinha filhos
importantes. Na Poesia se destacaram Emílio Moura, José Oswaldo e Araújo,
Carminha Gouthier. Na música, Luís Melgaço e Antônio Nelson de Moura (Mestre
Tonico)
Os saraus eram frequentes, quase semanais. O salão nobre da
Escola era o ponto de encontro da sociedade. Salão amplo, cadeiras estofadas,
palco, piano, incentivo dos professores e entusiasmo da mocidade.
Dores do Indaiá era uma cidade de projeção regional.
Escolas-modelo, professores competentes. Foi chamada a ATENAS DO OESTE, numa
referência à Grécia antiga, onde duas cidades se destacavam. Esparta preparava
os filhos para a guerra. Atenas os preparava para as Artes, a Filosofia.
Tornou-se o berço da civilização ocidental.
No final da década de 70,quando a professora Maria Inês de
Menezes Mello era diretora, a Escola Estadual “Francisco Campos” atingiu o seu
apogeu, o período de ouro de sua história. O prédio anexo, destruído por um
incêndio em 1959, foi reconstruído. Com isso aumentaram as salas de aula. A
Administração das Classes Anexas passou para o prédio novo, desocupando a sala
à esquerda da entrada, onde passou a funcionar a Diretoria. Antes, a Diretoria
e Secretaria funcionavam numa sala apertada no primeiro andar. Nessa sala
apertada, os professores tomavam um cafezinho no recreio , sem espaço para um
descanso. A Diretora mobiliou a sala em frente à Diretoria, com ampla mesa,
cadeiras, escaninho para todos os
professores e mimeógrafo. Nessa sala os recreios ficaram muito
agradáveis.
Professores novos assumiram cadeiras importantes. Entre eles,
me lembro de Carmem Esselin, José Garzon Guimarães, João Batista, Laura
Assunção, Maria Helena Faria, Orlando Marques e outros.
Guardo uma pasta de 91 (noventa e uma ) páginas, elaborada em
1976 por Maria Inez de Menezes Mello. Essa pasta que transcrevo dos dados
seguintes:
PRÁTICA EM ADMINISTRAÇÃO NA
ESCOLA DE 2º GRAU.
ESTÁGIO SUPERVISIONADO
ESCOLA ESTADUAL ‘FRANCISCO
CAMPOS’ – 1º E 2º GRAUS.
ESTAGIÁRIAS: 1- Maria Inez de Menezes Mello
2- Maria Filomena
de Oliveira
Cursos: Ensino Fundamental,
Magistério de 1º Grau e Científico.
Tipo e Estabelecimento – 6.3
Turnos – 03
Número de salas de aula –
15.
Número de classes – 24.
Matrícula Geral: 1.117
alunos.
Do sexo masculino: 371
Do sexo feminino – 746
Matrícula do Colégio
Normal- 330.
RECURSOS HUMANOS:
Diretor: Augusto de Mello
Netto.
Auxiliar de Diretoria:
Maria Inez de Menezes Melo e Margarida C. Rabelo
Auxiliar de Secretaria:
Olinda Silva de Morais e Maria Wilma C. Câmara.
Inspetor: Maria Augusta
Mesquita.
Genoveva de Almeida
Barbosa, Secretária por 25 anos, estava aposentada.
Enquanto fazia o Curso de
Administração Escolar, Maria Inez de Menezes Mello era Auxiliar de Diretoria.
Ela estudou para ser Diretora da Escola Normal e exerceu o cargo com amor e
competência. Sua pasta de estagiária tem 91 páginas e recebeu o conceito de “excelente”.
Foi na sua administração
que a Escola alcançou o apogeu de sua história.
Quando a Secretaria de Eduacação criou oas Delegacias
Regionais de Ensino, três Delegadas de Ensino tinham estudado na Escola Normal
de Dores do Indaiá.
O FIM
O APOGEU DA Escola Estadual durou pouco. Havia um excesso de
professoras primárias. A instalação de Faculdades de Filosofia no interior do
Estado facilitou a habilitação para o Magistério. Nos inícios de ano, na
composição do Quadro de Magistério, os candidatos com Licenciatura tinham
preferência. Com isso, o Curso Normal perdeu o sentido. Alguém, num desabafo e
mau gosto, disse: “Dores do Indaiá era a Atenas do Oeste. Hoje é apenas do
Oeste...”
Dores do Indaiá foi-se retraindo e perdeu a importância que
tinha na região. Abaeté, Bom Despacho e Luz passaram na frente. A cidade foi
vítima da miopia de SUS líderes. O Sétimo Batalhão seria instalado em Dores do
Indaiá. Os políticos não aceitaram, alegando que “se isso acontecer, nossas filhas vão namorar soldados.” O Sétimo
Batalhão foi pra Bom Despacho.
Em 1914, Dom Silvério, Bispo de Mariana, resolveu criar em
Dores do Indaiá a sede de Bispado. O vigário de Dores não concordou. Era um
padre de prestígio local, mas muito vaidoso. A presença de um Bispo iria
ofuscar a sua imagem e incomodar sua vida familiar. O Bispado foi para
Aterrado, hoje, cidade de Luz. Para Luz foi também a Faculdade de Filosofia,
criada no Governo Magalhães Pinto. Não sendo instalada em Dores do Indaiá, foi
parar em Luz.
O Curso Normal, de tantas
glórias acabou.
Se você conheceu a Escola
Normal dos bons tempos, quando mais de mil alunos passavam por estas portas, se
entrou no Salão Nobre em dia de festa, se conheceu aqueles professores
inesquecíveis, então, NÃO FIQUE EM PÉ. Você pode desmaiar. Sente-se no primeiro
degrau de mármore da entrada e recite alguns versos do soneto SAUDADE , de Raimundo
Correia. Começa assim:
“Aqui, outrora,
retumbaram hinos...
....
.... ..... .....
...... ...... .... ...... .....
... ... ... ..... ..... ..... ..... .....
..... .... .... ...
Tudo
passou! Sobre essas arcarias
Negras torreões medonhos
Alguém se assenta sobre lájeas frias.
E, em torno, os olhos úmidos tristonhos
Espalha e chora como Jeremias
Sobre a Jerusalém de tantos sonhos.”
..............................................................................................
Dores do Indaiá, 1º de abril de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário