terça-feira, 1 de abril de 2014


MAIS HISTÓRIA DA ESCOLA NORMAL

Maria

Desta vez, quem acrescenta fatos da história da Escola Estadual Francisco Campos, é DR. AUGUSTO DE MELLO NETTO que, a meu pedido, enriqueceu os dados sobre o período em que sua Esposa, MARIA INEZ DE MENEZES MELLO –( in memoriam) foi professora e Diretora do tradicional estabelecimento, além de relembrar outros dados, preciosos para todos os que se interessam por nosso passado.

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“Ao lado do prédio da Escola Normal, foi construído o prédio das Classes Anexas, mas o uso do prédio foi outro. Cedido a freiras que fizeram dele o Pensionato São José, muito necessário para abrigar as alunas de outros municípios. O Pensionato São José abrigava alunas de outros municípios vizinhos: Abaeté, Morada Nova, Bom Despacho, Luz, Estrela do Indaiá, Melo Viana, São Gotardo e Tiros. Em 1959 foi destruído por um incêndio.

 

O APOGEU.

        Para lecionar na Escola Normal, foram contratados professores de fora. Muitos contribuíram para o enriquecimento cultural da cidade. Foi uma soma,  porque Dores já tinha filhos importantes. Na Poesia se destacaram Emílio Moura, José Oswaldo e Araújo, Carminha Gouthier. Na música, Luís Melgaço e Antônio Nelson de Moura (Mestre Tonico)

        Os saraus eram frequentes, quase semanais. O salão nobre da Escola era o ponto de encontro da sociedade. Salão amplo, cadeiras estofadas, palco, piano, incentivo dos professores e entusiasmo da mocidade.

        Dores do Indaiá era uma cidade de projeção regional. Escolas-modelo, professores competentes. Foi chamada a ATENAS DO OESTE, numa referência à Grécia antiga, onde duas cidades se destacavam. Esparta preparava os filhos para a guerra. Atenas os preparava para as Artes, a Filosofia. Tornou-se o berço da civilização ocidental.

        No final da década de 70,quando a professora Maria Inês de Menezes Mello era diretora, a Escola Estadual “Francisco Campos” atingiu o seu apogeu, o período de ouro de sua história. O prédio anexo, destruído por um incêndio em 1959, foi reconstruído. Com isso aumentaram as salas de aula. A Administração das Classes Anexas passou para o prédio novo, desocupando a sala à esquerda da entrada, onde passou a funcionar a Diretoria. Antes, a Diretoria e Secretaria funcionavam numa sala apertada no primeiro andar. Nessa sala apertada, os professores tomavam um cafezinho no recreio , sem espaço para um descanso. A Diretora mobiliou a sala em frente à Diretoria, com ampla mesa, cadeiras, escaninho para todos os  professores e mimeógrafo. Nessa sala os recreios ficaram muito agradáveis.

        Professores novos assumiram cadeiras importantes. Entre eles, me lembro de Carmem Esselin, José Garzon Guimarães, João Batista, Laura Assunção, Maria Helena Faria, Orlando Marques e outros.

        Guardo uma pasta de 91 (noventa e uma ) páginas, elaborada em 1976 por Maria Inez de Menezes Mello. Essa pasta que transcrevo dos dados seguintes:

 

PRÁTICA EM ADMINISTRAÇÃO NA ESCOLA DE 2º GRAU.

ESTÁGIO SUPERVISIONADO

ESCOLA ESTADUAL ‘FRANCISCO CAMPOS’ – 1º E 2º GRAUS.

 

ESTAGIÁRIAS:   1- Maria Inez de Menezes Mello

                     2- Maria Filomena de Oliveira

 

Cursos: Ensino Fundamental, Magistério de 1º Grau e Científico.

Tipo e Estabelecimento – 6.3

Turnos – 03

Número de salas de aula – 15.

Número de classes – 24.

Matrícula Geral: 1.117 alunos.

Do sexo masculino: 371

Do sexo feminino – 746

Matrícula do Colégio Normal- 330.

 

RECURSOS HUMANOS:

Diretor: Augusto de Mello Netto.

Auxiliar de Diretoria: Maria Inez de Menezes Melo e Margarida C. Rabelo

Auxiliar de Secretaria: Olinda Silva de Morais e Maria Wilma C. Câmara.

Inspetor: Maria Augusta Mesquita.

Genoveva de Almeida Barbosa, Secretária por 25 anos, estava aposentada.

Enquanto fazia o Curso de Administração Escolar, Maria Inez de Menezes Mello era Auxiliar de Diretoria. Ela estudou para ser Diretora da Escola Normal e exerceu o cargo com amor e competência. Sua pasta de estagiária tem 91 páginas e recebeu o conceito de “excelente”.

Foi na sua administração que a Escola alcançou o apogeu de sua história.

        Quando a Secretaria de Eduacação criou oas Delegacias Regionais de Ensino, três Delegadas de Ensino tinham estudado na Escola Normal de Dores do Indaiá.

                                       O FIM

        O APOGEU DA Escola Estadual durou pouco. Havia um excesso de professoras primárias. A instalação de Faculdades de Filosofia no interior do Estado facilitou a habilitação para o Magistério. Nos inícios de ano, na composição do Quadro de Magistério, os candidatos com Licenciatura tinham preferência. Com isso, o Curso Normal perdeu o sentido. Alguém, num desabafo e mau gosto, disse: “Dores do Indaiá era a Atenas do Oeste. Hoje é apenas do Oeste...”

        Dores do Indaiá foi-se retraindo e perdeu a importância que tinha na região. Abaeté, Bom Despacho e Luz passaram na frente. A cidade foi vítima da miopia de SUS líderes. O Sétimo Batalhão seria instalado em Dores do Indaiá. Os políticos não aceitaram, alegando que “se isso acontecer, nossas  filhas vão namorar soldados.” O Sétimo Batalhão foi pra Bom Despacho.

        Em 1914, Dom Silvério, Bispo de Mariana, resolveu criar em Dores do Indaiá a sede de Bispado. O vigário de Dores não concordou. Era um padre de prestígio local, mas muito vaidoso. A presença de um Bispo iria ofuscar a sua imagem e incomodar sua vida familiar. O Bispado foi para Aterrado, hoje, cidade de Luz. Para Luz foi também a Faculdade de Filosofia, criada no Governo Magalhães Pinto. Não sendo instalada em Dores do Indaiá, foi parar em Luz.

O Curso Normal, de tantas glórias acabou.

Se você conheceu a Escola Normal dos bons tempos, quando mais de mil alunos passavam por estas portas, se entrou no Salão Nobre em dia de festa, se conheceu aqueles professores inesquecíveis, então, NÃO FIQUE EM PÉ. Você pode desmaiar. Sente-se no primeiro degrau de mármore da entrada e recite alguns versos do soneto SAUDADE , de Raimundo Correia. Começa assim:

 

                “Aqui, outrora, retumbaram hinos...

         ....  ....  .....  .....   ......  ......   ....  ......  .....   

         ... ... ... ..... ..... ..... ..... ..... ..... .... ....  ...

        Tudo  passou! Sobre essas arcarias

        Negras torreões medonhos

        Alguém se assenta sobre lájeas frias.

 

        E, em torno, os olhos úmidos tristonhos

        Espalha e chora como Jeremias

        Sobre a Jerusalém de tantos sonhos.”

 

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Dores  do Indaiá, 1º de abril de 2014. 

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