quarta-feira, 23 de abril de 2014


Nome do entrevistado: JOSÉ DE OLIVEIRA CARVALHO                  Em 03/01/2011

1 – Época em que dirigiu a E. E. Francisco Campos:

Fui diretor durante nove anos e alguns meses na década de 1950.

2 – Como eram escolhidos os Diretores?

Os diretores eram escolhidos pela Secretaria Estadual de Educação.

3 – Quais os cursos a Escola oferecia à época?

Os cursos oferecidos à época pela E. E. Francisco Campos eram: Adaptação e Normal.

4 – Fale sobre o ensino, sobre o legado cultural que a Escola representava, sobre a atuação do Estado na Educação naquele tempo.

O ensino era visto e praticado com seriedade, dedicação. A EEFC era um ícone em todo estado, liderou o ensino naquela região durante anos para orgulho dos dorenses. Deixou um legado valoroso demonstrado por seus ex-alunos, muitos dos quais tiveram e tem destaque nacional e até mesmo internacional, com base e cultura adquiridas nesse renomado estabelecimento.

5 – A classe de Professores/Educadores já enfrentava problemas de baixos salários?

Enfrentava problemas de “baixíssimos” salários. Além de baixos salários ainda enfrentávamos atrasos nos pagamentos.

6 – Se houve o problema, quais as consequências ele trouxe para o ensino?

O ensino não sofreu nenhuma consequência em função disto, pois o dever de educar sobrepunha este problema.

7 – Se havia greves de professores em sua época, qual o papel do Diretor?

Nunca houve greve durante minha gestão como Diretor. Não eram habituais greves à época.

8 – Se possível, fale sobre o papel social que a Escola exercia na sociedade.

A E. E. Francisco Campos exercia importante papel na sociedade, pois era referência na formação cultural da cidade e região.

9 – Relembre fases importantes da Escola, Diretores, Funcionários, episódios marcantes, disciplina, seu prédio original, pinturas, Museu, Biblioteca, pátio, mobiliário, Classes Anexas, reformas educacionais e reformas físicas do conjunto arquitetônico original.

Fundada em 1928, a E. E. Francisco Campos teve destaque desde então, começando pela imponência de seu prédio, e dirigida por um corpo docente de elite. Dentre seus vários e valorosos diretores está o alemão Dr. Smith (?), que à época, de acordo com o então Ministro da Educação, o grande dorense Francisco Campos, intermediou a compra de todo equipamento do laboratório e museu, diretamente da Alemanha. Originalmente o pátio só tinha árvores, posteriormente foi construído o galpão para prática de educação física e quadra de vôlei. Outro fato curioso aconteceu com a Diretora D. Ester Alves, que faleceu no exercício da sua função, no dia 13 de Maio, às 13 h, na sala 13.

10 – Se omiti algum fato relevante/interessante – que possa enriquecer a história de nossa Escola – fique à vontade para relatá-lo.

Nada consta.

11 – Como o trabalho do Professor era visto pela sociedade?

Com reconhecimento e respeito.

12 – Havia jornais editados pela Escola?

Não.

13 – Havia salas-ambiente para algumas matérias: Música, Geografia, Área de Ciências e um galpão equipado para as aulas de Educação Física. Fale sobre elas, sobre sua importância no aprendizado.

Estes ambientes equipados eram um respaldo para facilitar e motivar o aprendizado. As aulas de música eram acompanhadas ao piano pela professora, ciências no laboratório e geografia também numa sala específica.

14 – Como era o Museu? Ele fazia parte específica das aulas ministradas?

O Museu tinha um equipamento de altíssimo padrão, todo importado da Alemanha e fazia parte das aulas ministradas. Pesarosamente, a cada reforma desapareciam vários aparelhos.

15 – Você tinha colegas de trabalho vindos de outras cidades? Quais eram eles? Que matéria lecionavam?

Sim, Dona Esther – natural de Ouro Preto – lecionava Psicologia; João Neves, também natural de Ouro Preto, lecionava Matemática; Professor Leonardo Mota de Vasconcelos, natural do Ceará, lecionava Latim; Osanan Botinha, natural de Luz, lecionava Português e Latim; Emílio Andrade, natural de Abaeté.

16 – Como era a vida social da cidade naquele tempo?

Havia mais proximidade entre as famílias, a vida social se dividia entre as festas tradicionais da cidade, filmes assistidos no Cine Teatro Indaiá e horas dançantes no Indaiá Clube.

17 – A Escola era elitista àquela época?

Sim, naturalmente.

18 – Como era feita a admissão de alunos à Escola?

Mediante teste admissional.

19 – Havia acesso de alunos de todas as classes sociais à Escola?

Poucas exceções. A classe menos privilegiada tinha menos acesso à educação naquela época.

20 - Havia elitismo de raça, religião, etnia àquele tempo?

Sim, mas, naturalmente à época só as classes mais privilegiadas tinha ingresso à educação, a religião predominante era a Católica, mas não havia objeção quanto ao ingresso de alunos de outras religiões.

21 – O professor era bem remunerado em sua época?

Pessimamente mal remunerado.

22 – Como o professor era admitido à docência? E o diretor?

Mediante curriculum e teste no Instituto. O Diretor era indicado pela SEE.

23 – Havia avaliação para o trabalho do professor?

Não.

24 – Qual era o papel da Escola na sociedade.

Vide resposta no. 8.

25 – Omiti alguma questão educacional que você julga importante para ser citada? Qual?

Nada relevante.

25 – Relate fatos interessantes sobre a vida da Escola naquele tempo (perdas, fatos pitorescos, relevantes, únicos, vanguardistas, culturais, hilariantes, prêmios, repercussão na cidade/estado/país, tudo o que julgar importante para que o perfil de nossa Escola seja o mais fiel possível à sua importância.

Vide resposta no. 15 – morte da D. Esther; e da Rita “Bigoduda”, estimada faxineira.

 

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