ESCOLA NORMAL
Escrevi esta crônica, em
memória de D. Adélia de Oliveira, uma professora da Escola Normal que marcou
sua presença na história de Dores do Indaiá, pela suavidade com que viveu, pelo
trabalho incansável que realizou.
Para meu coração de aluna, D. Adélia foi como uma brisa leve,
uma nuvem rosada, uma noite de lua branca.
(Crônica publicada no Jornal SOERGUENDO, Ano I, Ediçaõ Especial, nº 4 –
junho/julho de 1983 - editado pela Escola Normal)
A LADY DA ESCOLA.
MARIA.
Ela era mais uma lLady do que uma professora.
E... sempre achei que Matemática não se casava com ela...
Acho que gente sonhadora não dá certo com X + Y , de
colchetes e travessões. E, D. Adélia parecia-me sonhadora, com a pele muito
alva e acetinada, os cabelos romanticamente ondulados. Nem quando ela escrevia
uma expressão algébrica no quadro, sua bela letra adquiria austeridade. Eles se
transformavam, antes, em belos arabescos e finos bordados ou escalas
musicais.
Sua voz também não se casava com a dureza dos números: era
melodia de quem recitava poemas.
Não , nada disso, se casava com D. Adélia. Eu a enxergava recitando poesias em aulas de
literatura, pintando quadros ou bordando matizes em aula de Artes. Imaginava-a
ditando normas de LADY em aulas de Socilaização, ou quem sabe, solfejando
dó-ré-mi-fá-sol nas aulas de Música. Sim, tocando piano, tocando cítara... essa é a imagem
perfeita que faço de minha professora de Matemática.
Ela foi minha Paraninfa de Ginásio e o presente que nos deu
foi saído de sua alma delicada e boa: um rosário de pedras brancas e límpidas
como seu sorriso...Sim, o sorriso de D. Adélia era um rosário espalhado em seu
rosto...
Revejo-a chegando à sala: vestida elegantemente, em estilo
próprio de uma Lady, meias finas,
sapatos de salto, clássica em tudo. A turma, de pé, aguardando sua simpática presença, que nos
fazia um delicado cumprimento, quase uma reverência de princesa. Sim, era uma princesa que dava aulas
de matemática para nós!
E, agora, onde anda a Lady da Escola?
Em que salas ela sorriso de contas brancas e peroladas?
Em que escola ela borda números, como se fossem rendas finas?
Só espero que, em outros mundos, alunos a recebam de pé, com o coração nos
olhos, como nos velhos tempos, nos bons tempos...
Daquele modo como ela nos tratava, como se fosse uma verdadeira
Lady
D. Adélia, se eu não consegui aprender a somar a + b, aprendi
que x + y é igual à saudade, muita
saudade!
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Dores do Indaiá, 3 de abril de 2014.
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