quinta-feira, 3 de abril de 2014


ESCOLA NORMAL

 

Escrevi esta crônica, em memória de D. Adélia de Oliveira, uma professora da Escola Normal que marcou sua presença na história de Dores do Indaiá, pela suavidade com que viveu, pelo trabalho incansável que realizou.

        Para meu coração de aluna, D. Adélia foi como uma brisa leve, uma nuvem rosada, uma noite de lua branca.

        (Crônica publicada no Jornal SOERGUENDO, Ano I, Ediçaõ Especial, nº 4 – junho/julho de 1983 - editado pela Escola Normal)

 

 

A LADY  DA ESCOLA.

 

MARIA.

        Ela era mais uma lLady do que uma professora.

        E... sempre achei que Matemática não se casava com ela...

        Acho que gente sonhadora não dá certo com X + Y , de colchetes e travessões. E, D. Adélia parecia-me sonhadora, com a pele muito alva e acetinada, os cabelos romanticamente ondulados. Nem quando ela escrevia uma expressão algébrica no quadro, sua bela letra adquiria austeridade. Eles se transformavam,  antes, em  belos arabescos e finos bordados ou escalas musicais.

        Sua voz também não se casava com a dureza dos números: era melodia de quem recitava poemas.

        Não , nada disso, se casava com D. Adélia.  Eu a enxergava recitando poesias em aulas de literatura, pintando quadros ou bordando matizes em aula de Artes. Imaginava-a ditando normas de LADY em aulas de Socilaização, ou quem sabe, solfejando dó-ré-mi-fá-sol nas aulas de Música. Sim, tocando  piano, tocando cítara... essa é a imagem perfeita que faço de minha professora de Matemática.

        Ela foi minha Paraninfa de Ginásio e o presente que nos deu foi saído de sua alma delicada e boa: um rosário de pedras brancas e límpidas como seu sorriso...Sim, o sorriso de D. Adélia era um rosário espalhado em seu rosto...

        Revejo-a chegando à sala: vestida elegantemente, em estilo próprio de uma  Lady, meias finas, sapatos de salto, clássica em tudo. A turma,  de pé, aguardando sua simpática presença, que nos fazia um delicado cumprimento, quase uma  reverência de  princesa. Sim, era uma princesa que dava aulas de matemática para nós!

        E, agora, onde anda a Lady da Escola?

        Em que salas ela sorriso de contas brancas e peroladas?

        Em que escola ela borda números, como se fossem  rendas finas?

        Só espero que, em outros mundos,  alunos a recebam de pé, com o coração nos olhos, como nos velhos tempos, nos bons tempos...

        Daquele modo como ela nos tratava, como se fosse uma verdadeira Lady

        D. Adélia, se eu não consegui aprender a somar a + b, aprendi que  x + y é igual à saudade, muita saudade!

 

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        Dores do Indaiá, 3 de abril de 2014.

               

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