Desejando Feliz
Páscoa aos meus leitores, envio-lhes duas crônicas sobre este tempo cheio de
reflexões e lembranças. Minhas Páscoas foram poéticas, podem ver!
Pázcoa
Maria
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Gosto de escrever Pázcoa com Z por
causa da Paz.
Meus netos estão brincando no quintal.
Daqui, de cima da escada, namoro o céu.
- Vovó, o que você tá olhando?
- Uai, tô olhando o céu...
- Será que Jesus já chegou lá?
Por um instantezinho, ficamos vigiando
aquele mundão de azul. Quem sabe, esperávamos a aparição milagreira?! Quem
sabe?
Nos
meus tempos de Estrela (do Indaiá, claro!), Jesus ressuscitava era no sábado –
SÁBADO DE ALELUIA!
E era tanta magia, tanta espera, que a
palavra ALELUIA sempre acende uma luz nova em meu coração!
Olho meus netos lá no quintal: um novo ninho
de meninos à espera de uma Pázcoa nova – Fernanda, Isabela, Alice e Luísa,
Clarissa e Rafael, Elise e Netinho...
Vontade de fabricar um dia de ALELUIA para
eles! Um dia iluminado que, para sempre, fosse um farol para meus netos. Assim
como acontece comigo: uma lâmpada que continua luzindo em minhas lembranças,
clareando minhas estradas.
O mundo era místico, cheio de rituais. No
sábado da Semana Santa, havia o cerimonial do ROMPER DAS ALELUIAS.
Era um passe de mágica!
Papai conduzia o cerimonial de mistério e
piedade. O pano de fundo era o quintal fresco e verde e florido.
Um bando de meninos, quase em êxtase, literalmente
ajoelhados em volta de uma bacia de alumínio, reluzente ao sol. A Ana,
compenetrada em seu papel no ritual mágico, trazia a água pura e límpida – ÁGUA
DA VIDA!
A água dançava lentamente na bacia. A
menina, rodeada de irmãos, seguia a dança do sol dentro da água.
Papai anunciava:
- Nove horas! É o ROMPER DAS ALELUIAS!
Havia um mistério no ar! O silêncio fazia
ruído nas folhas e nas ramagens de meu quintal estrelado. E meu olhar
adivinhava, descobria uma luz diferente dentro da água... De verdade, penso que
até víamos Jesus subindo ao céu...
Mamãe falava, como em prece:
- Jesus subiu ao céu!
Nosso olhar se fixava no céu da Estrela,
lindamente lavado de azul.
Como estou fazendo agora, em 2006, tentando
fabricar aleluias para meus netos. Só que, tantos anos e caminhos depois, não
sei como fabricar aleluias...
Então... o milagre!
- Vovó! Olha que beleza!
Corre, gente! Vem ser!
A casa toda correu lá em baixo, a
Lilise/Elise molhava as plantas com a mangueira, rodeada de primos. O sol
flechou a água límpida. Minha neta descobriu, encantada, que tinha um arco-íris
nas mãos.
- Um arco-íris de verdade, vovó!
Entre filhos e netos, comemorei a mais bela
Pázcoa de minha vida sem o BEM. Dessa vez, as ALELUIAS romperam dentro de um
arco-íris, colorindo a tarde e meu coração.
- Vovó, o que você está olhando?
- Uai, tô olhando o céu...
Meu coração repete baixinho:
- Jesus acabou de chegar lá.
Lentamente, entro em casa, pelos braços dos
filhos. Tão fácil acreditar! Tão fácil!
Mesmo sem o meu povo! Mesmo em 2006.
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Dores
do Indaiá, 21 de abri de 2014.
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