quinta-feira, 10 de abril de 2014

CAUSOS DA ESCOLA NORMAL - CLASSES ANEXAS
 
Maria
 
 
 Tenho dois causos  que marcaram minha passagem pela Coordenadoria das Classes Anexas, cargo que exerci por 11 anos - uma alegria!
 
Hoje, o protagonista dos causos é o SÉRGIO LAMOUNIER, o SERGINHO.
Ele morava em uma casa cujo quintal dava para o pátio da Escola Normal.
 
Um dia, no segundo ano,  ele precisou falhar da aula e, não aguentando a saudade da Escola - lá era bom mesmo! - ele tomou uma iniciativa muito própria de crianças: saiu de casa, escondido e, como se fosse visita, chegou à sala onde era a Biblioteca, Coordenadoria, onde tudo das Classes Anexas era organizado.
 _D. Branca, vim avisar que não vim à Escola porque estou doente...
 
Quase morri de vontade de rir...
 
Conversei com ele, agradeci a atenção em avisar e ele me contou que a sua mãe  não sabia que ele tinha se levantado - estava com febre...(Me pediu segredo...)
 
Pois não é que, na hora do recreio, um bafafá!!!!!!!!!!!!!!
 
Serginho, louco pra participar das brincadeiras, subiu muro afora e, pra chamar a atenção, pegou um pedacinho de tijolo do muro e...plaft!!!!!!!!!!!!
 
A pedrada foi diretinha na testa do.... VEVÊ... que brincava na maior felicidade no recreio.
Corre daqui, corre dali, o Vevê, vendo o sangue, começou a desmaiar....
 
Corremos com ele pro banheiro,  - ele sempre foi alto - e estava meio sem jeito de segurá-lo...
E o sangue, escorrendo uniforme abaixo. E o Vevê, só amolecendo...Tive de me assentar no chão pra segurar o compridão do Vevê...
 
-Corre, gente, vai ali na casa dele !-  (Ele morava pertinho da Escola -) 
_ Chama a D. Geni, mãe dele.
 
Gente, foi um bafafá tão grande!
 
Serginho enfiou-se debaixo dos cobertores, não deu um pio.
 
Vevê foi levado para a Santa Casa, onde foi medicado....
 
Pensa, imagina só: uma pedrada do Serginho, que estava com febre alta e faltara à aula ,...
 
No outro dia, lá estava o pai do Serginho, para quem contei o caso e, dessa vez, não me contive: ri, ri, até chorar...
Até hoje não me esqueço da cara do pai do Serginho: Vai ver que ele pensava:
_Essa D. Branca é meio doidinha....

 
 
OUTRA DO SERGINHO
 
Primeiro ano: Da. Valdeci Oliveira, aquela doce professora.
Serginho não se acomodava na carteira, nunca se assentou - ficava só ajoelhado naquela carteira dupla, que tinha lugar de colocar lápis, tinteiro. O assento  era móvel e os pés da carteira eram de ferro - uma peça  muito pesada.
(Não adiantava pelejar com o Serginho. Ele só ficava ajoelhado, virava pra lá, virava pra cá.)
 
Um dia, ele se atrasou muito pra copiar o PARA CASA e eu falei com a Valdeci que podia ir, ela tinha dentista, que de vez em quando eu dava uma chegadinha lá...
_ Serginho, pode copiar na calma, eu estou aqui ao lado, vou te esperar...
Uma hora, escutei uns gritos:
_D. Branca, estou preso! Estou preso!
Minha filha, Altina Lúcia estava me esperando. Corremos juntas pra ver o que era...
O Serginho estava de costas, ajoelhado e um dos joelhos ficara preso no espaço do banco... Um perigo!
_Corre Altina Lúcia, corre, vai chamar o Hélio (o caseiro ).
Enquanto ele não chegava, eu segurei o Serginho por debaixo dos braços, sustentando-o, para que seu joelho não se quebrasse...
Pelejamos: Serginho, vermelhinho, gritava, eu não aguentava mais o peso do menino.
 
Resultado: O Hélio Chagas teve de buscar ferramentas e precisou desmontar a carteira. Enquanto ele desmontava  tudo, o Serginho berrava de dor, eu suava de aflição, Altina Lúcia chorava de dó do colega e o Hélio pedia calma:
_Está quase...
Quando conseguiu, o Serginho estava com o joelho inchado, roxo e não dava conta de andar.
Tive que ir de táxi ( Sô Alcides) levar o Serginho em casa...
Foi só dar uma voltinha e.. chegamos...
O pai do Serginho teve de ir de novo à Escola - dessa vez não ri...
 
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Dores do Indaiá, 10 de abril de 2014.
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