Hoje, fim de semana, vamos rir um pouco com os três
causos do povo de Dores, contados com a graça do Sô Waldemar.
A
OBRA DO SENHOR BISPO
(Do livro SÓ MESMO EM DORES DO INDAIÁ – Waldemar de
Almeida Barbosa)
D. Manuel foi um santo bispo. Uma de suas preocupações era o
retiro espiritual, todos os anos, para homens, para mulheres e para o clero.
Para o primeiro, vinham homens de todo o bispado, pra três dias de oração e de
meditação. No programa diário, havia um terço rezado ao meio dia, logo após o
almoço. E depois do terço, uma praxe havia sido estabelecida: uma série de
Padre- Nosso e Ave-Maria para os mais variados fins. Um dizia: um Padre-Nosso e
uma Ave-Maria pra os confrades de Abaeté que não puderam comparecer.Outro: um
Padre –Nosso e uma Ave-Maria para os doentes de São Gotardo. Ainda: um Padre-Nosso e uma Ave-Maria para os doentes
de Lagoa da Prata. Era um nunca acabar de pedidos e aquilo ficava realmente
monótono. Muita gente cochilava e alguns dormiam a sono solto,
Era a época da Construção da Catedral, a grande obra em que
d. Manuel tanto se empenhava.
Certa vez, depois do terço, durante aquela ladainha de
pedidos de orações, todos os que cochilavam e todos os que dormiam foram acordados
por uma gostosa gargalhada, muito espontânea, muito natural. É que, no meio dos
pedidos de oração, alguém falara assim: -“UM PAI-NOSSO E UMA AVE-MARIA PARA A
OBRA DO SENHOR BISPO SAIR DEPRESSA.”.
E foi aquela gargalhada.
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Dr.
Novais
Pouca gente, em Dores, deve
lembrar-se do Dr. Novais. Tipo curioso. Juiz de Direito, costumava andar assobiando pelas ruas. Certa vez, num
interrogatório, no Fórum, perguntou ao réu o nome, a naturalidade, se sabia ler
e escrever, se era casado, se tinha PROLE.
O réu foi respondendo
direitinho, mas, quando chegou à última pergunta, estranhou:
_Prole, doutor? Que que é isso?
_Ora, prole é filho e filha. O senhor tem?
_Ah! – respondeu o réu, tenho dois prolos e três prolas...
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CUSTÓDIO TIBÚRCIO DA SILVA
Custódio Tibúrcio da Silva era farmacêutico
e, quando não havia médico na cidade, tinha boa clínica. Em qualquer caso de
doença, era chamado o Custódio. Sua
farmácia ficava exatamente no local onde está hoje a Escola Estadual Dr.
Zacarias. Era uma casa velha, tipo fazenda, tinha entrada pela Praça do Santuário
e, num cômodo com várias portas funcionava a farmácia.
Havia uma escadaria de pedras com
vários degraus.
O Sr. Custódio estava sempre atrás do balcão da farmácia, quando não atendia a
alguma chamado. À noite, uma lamparina de querozene iluminava a farmácia.
Certa noite, um menino pediu ao Sô Custódio a lamparina
emprestada, a fim de procurar um cobre que havia deixado cair. O Sr. Custódio ,
é claro, não se negou a emprestar a lamparina. E saiu o menino a procurar o seu
“cobre” termo usado pra se referir à moeda de cobre mesmo, de 20 ou 40 réis; ou
podia ser um níquel de 100 ou 200 réis.
Eis, porém, que , nessa hora, chega à farmácia um freguês.
Cumprimenta o Sr. Custódio e manifesta sua estranheza de encontrar a farmácia no escuro. Eis o esclarecimento do
Sr. Custódio:
_ Eu dei a luz a um
menino e ele sumiu.
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Dores
do Indaiá, 2 de fevereiro de 2014
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