quarta-feira, 23 de abril de 2014


ESCOLA NORMAL 

MARIA

 

Duas irmãs que sempre me encantaram: a Dora, pela suavidade, pela simplicidade, pela facilidade em se relacionar com as pessoas.

 A Dalva, pela beleza, pelo porte e, ambas, por serem filas de uma senhora que eu julgava lindíssima, desde quando a conheci, menina ainda: D. Aurora Argolo, casada com o Dr. Argolo, de cuja pessoa, sempre ouvi histórias de sua solidariedade com quem precisasse. Advogado, tomou parte em todos os movimentos sociais de sua época, trazendo novidades do Rio de Janeiro, sua terra natal. Aqui se casou com uma dorense, D. Aurora e tiveram bela família. Outro motivo de lembranças boa: a casa maravilhosa, grande, espaçosa, e onde eu ouvia, sempre que passava, o som de um piano ...Claro, são lembranças materiais que impressionavam a menina que eu era à época. Hoje, sei que, muito além da casa bonita, do piano e da senhora sofisticada, era uma família que fez história em todos os movimentos progressistas da pequena cidade.

Dos filhos, ficou-me a lembrança de todos, em especial doVicente, colega do BEM,   que me escreveu carta linda quando ficamos sem ele... Das moças, ficou-me a amizade sincera da Dora, amiga de minha mãe, de minhas tias...E a Dalva me deixou, além da lembrança de sua pessoa elegante, uma entrevista muito rica sobre a Escola Normal. Vale muito a pena conferir.Ambas residem em Belo Horizonte, e os pais já se transformaram em saudades...

Obrigada, Família Argolo!

 

Dores do Indaiá, 23 de abril de 2014.

.............................................................................................................................................................

 

Belo Horizonte, 8 de janeiro de 2011.

  Branca,

 Tão bom receber carta sua!   noticiosa e até divertida.

Você está bem de saúde, bem com todos da família? Muitos netos?

   E você com o trabalho relativo à Escola Normal? As colaboradoras são várias e como se nota, as ex-alunas empolgaram. Bom demais a boa vontade e você seleciona as pesquisas.

 estou com sua carta noticiosa e até divertida.

 Passei o formulário para Dalva e penso que ela já respondeu. Pesquisa boa que todos certamente darão resposta.

 Nós, em nossa época aí, vivemos Dores em todo o sentido. Reuníamos no quintal lá de casa com a turma de Luizas para comemorarmos festas juninas – daí você imagina a parreira iluminada e enfeitada com biscoitões, bandeirinhas... Míriam e Celina Antunes assando batata doce, os foguetes estourando e até quadrilha surgiu. Fui eleita Miss Quintal e na hora do desfile o cordão da saia arrebentou... Irmã Luiza feliz de nos ver unidas. Meus pais também.

 Foi uma época de entrosamento com as Luizas de Bom Despacho – os velhinhos esperando algo de nós pelo pacote de gêneros e visitas.

 Passei aperto porque minha protegida brigou com a vizinha – veja que coisa! Ela foi presa e a vizinha já com o coração fraco, perdeu a vida. Juraci Guimarães e eu se revezando na Cadeia em assistência. Dia e noite! Nossa!

 Meu pai e Dr. Di atestaram que ela já estava doente e o Juiz aceitou.

 Minha pesquisa sobre a Escola Normal é fraca. Depois do primário estudei no Ginásio Dorense, mas alguma coisa estou lembrando. Veja aí. Colaborei com a Dalva nos nomes dos professores.

 Estou lhe enviando nomes e endereço de alunas que podem colaborar.

 Desejo sucesso à equipe de profissionais.

   Meu abraço amigo.

    Dora

 





ESCOLA NORMAL
MARIA
 
Vejam a riqueza de detalhes que a Dalva Argolo nos passou!





Branca, querida,

 

            Pouco nos vemos ou nos comunicamos, mas você é querida sim! Sigo todos os seus artigos no “O LUTADOR”.

            A vida de hoje é uma correria danada para todo mundo e, muitas vezes, deixamos de conviver com pessoas que admiramos.

            Você é uma delas.

            A seu pedido, fiz um resumo do que me lembrei sobre a vida que vivi na famosa Escola Normal Oficial “Francisco Campos”.

            Como ela foi importante para todos nós!

            Foi com emoção que revivi fatos escondidos na gaveta de baixo de nossa vida. E assim, o baú da saudade se abriu e senti como fomos e somos felizes.

            Um grande abraço

                        Da Dalva Argolo

 
Nome do(a) entrevistado(a): Dalva Argolo Lolmer

Data14 DE SETEMBRO DE 2010.

1 – Em que período você estudou na Escola Normal?

De 1936 a 1945, sendo de 1936 a 1939 nas Classes Anexas à Escola Normal Oficial “Francisco Campos” e o restante no Curso Normal. A formatura se deu em 08/12/1945, dia em que terminou a 2ª. Guerra Mundial.

 

2 – Lembra-se dos nomes dos Professores?   

Primário: Walkyria Guimarães, Altina Costa, Alda Lobato, Selva Augusta de Souza e outras.

Curso Normal:

Diretores: Dr. Edgar Pinto Fiúza e Anselmo Barreto

Professores: Aspásia Vieira Ayer, Ester Alves, João Neves (Matemática), Anita Silveira (Geografia), Maria Rita Oliveira, Célia Oliveira (Canto), Carmen Fiúza (Canto), Galdina Costa (Português e Francês), Palmira Lobo (Educação Física), Jalma de Almeida Costa (Educação Física), Cenira Melo e Adélia de Oliveira.

3 – Como era a disciplina?

As normas disciplinares eram obedecidas naturalmente, devido à boa formação familiar e ao respeito que se tinha à autoridade dos Mestres, que eram recebidos de pé, ao entrarem nas salas. O próprio uniforme era, de fato, “uma forma”, ostentado com capricho e orgulho.

 

4 – Você era interna/externa?

Não fui aluna interna, pois morava na cidade. Contudo, convivi com alunas internas que residiam em Abaeté, Biquinhas, Luz, Bom Despacho. Vez ou outra levava colegas para passarem o fim de semana em minha casa.

 

5 – Se foi interna, como era a vida no Internato São José?

Não fui interna.

 

6 – Quais eram as freiras de seu tempo?

Ir. Teixeira, Ir. Maria José Linhas e Ir. Vicência.

 

7 – Lembra-se, ou teve notícias do terrível incêndio do Internato?

Não sei a causa do incêndio, mas lembro-me que aconteceu à noite. As internas correram apavoradas para o jardim da Escola, vestidas com trajes de dormir: camisola ou pijama, com o pensionato em chamas. Soube de uma das alunas que voltou ao local do incêndio para buscar uma caneta que havia ganho de seu pai... Ela quase morreu para salvar sua caneta.

 

8 – Havia alunos de todas as classes sociais na Escola? E de raças diferentes?

Nada impedia que alunos de classes sociais mais baixas ou raças diferentes frequentassem a Escola. Entretanto, a exclusão era feita naturalmente: os pobres se afastavam da cultura e do convívio social.

 

9 – Como eram admitidos os alunos na Escola Normal?

Através de fichas contendo dados familiares, culturais e econômicos. Havia a caixa escolar (creio que havia uma contribuição mensal para auxiliar com merendas e objetos).

 

10 – Conte detalhes de sua vida escolar: colegas, uniformes, aulas de Educação Física, teatros.

A cidade vivia em função da Igreja N. Sra. Das Dores e da Escola Normal. O nível cultural ultrapassava fronteiras municipais e muitos professores vinham “de fora” para lecionarem neste importante educandário. Estudar na Escola Normal era status para as moças de Dores, Luz, Abaeté, Bom Despacho, Córrego D´anta, etc.

Os rapazes não estudavam ali, pois a profissão de magistério era reservada apenas para mulheres. O diploma de normalista dava direito a exercer o magistério com contrato imediato, até que saísse a nomeação para o cargo.

O Salão Nobre da Escola era suntuoso, com cortinas palacianas. As reuniões e festas artísticas, cívicas e culturais atraíam a sociedade dorense. Destacamos as apresentações alegres de três irmãs residentes em Luz: Lilita, Maria Geralda e Dorinha Botinha. Dora, minha irmã, diz que Lilita era a Elis Regina daquela época. Os rapazes aproveitavam estes momentos para verem suas amadas internas.

Os treinos de vôlei aconteciam à tarde, na quadra de esportes. O portão lateral ficava aberto ao público e a frequência de moças e rapazes era uma festa.

Desfiles patrióticos – as “paradas” de 7 de Setembro, data da Independência e 8 de Outubro, aniversário da cidade, eram engalanadas com garbo pomposo, acompanhados pela Banda Santa Cecília e o povo na rua, prestigiando o evento.

Uniformes – eram de fato “uma forma”, com apresentação impecável. As saias pregueadas, de casemira azul marinho, eram colocadas à noite sob o colchão, para que as pregas não perdessem o seu estilo. Era um orgulho ostentar o uniforme da Escola.

Educação Física – era de xadrezinho azul e branco. Como as pernas não podiam ficar “de fora”, o calção era rodado, com elástico nas pernas. Hoje seria horrível vesti-lo.

Classes Anexas – correspondia ao “primário”, de 1ª. a 4ª. série, servindo de estágio às alunas que se formariam no Curso Normal, para as futuras professoras.

A alfabetização se dava pelo método global experimental e poucas cidades tiveram o privilégio de assumir a implantação do método. Era a inversão total da alfabetização, pois partia da estória, frases, palavras e letras. A apresentação de cada cartaz ilustrado, contando a estória, consistia em festa.

                                               Primeiro Cartaz

                                   Eu me chamo LIli

                                   Eu comi muito doce

                                   Vocês gostam de doce?

                                   Eu gosto tanto de doce!...

As provas finais, para se passar de ano, eram enviadas a todo o Estado, pela Secretaria de Educação, em envelopes lacrados.

As professoras seguiam seus alunos do 1º. ao 4º. Ano (como era chamado) e lecionavam todas as matérias.

O caderno de caligrafia educava no controle da letra cursiva.

No Curso Normal, muitas aulas de literatura eram dadas no pátio arborizado da Escola. Galdina Costa, a professora, nos ensinava a admirar a natureza e passar para o papel suas nuances literárias.

Os bailes de formatura aconteciam no Salão Nobre da Escola, com traje a rigor e orquestra “de fora”.

           

11 – A Escola representava que papel na Sociedade?

A Igreja e a Escola Normal eram centro culturais de grande influência na sociedade dorense. O diploma de Normalista era o máximo que se ambicionava e o contrato de trabalho, imediato.

O professor era, de fato, um educador, pois havia a matéria “Moral e Cívica” que. Orientava as professoras.
........................................................................................................................................................
Dores do Indaiá, 23 de abril DE 2014

Andei vasculhando meu arquivo de crônicas. Achei algumas sobre a Quaresma...Reparto com vocês a poesia que existe no mundo quaresmeiro dos pequenos. Hoje já é dia 21 de abril de 2014 – mas a poesia permanece....

                                                               

                         ..............................................................                                      

         Aprendi, com as crianças, que elas convivem com Jesus, uma das três pessoas da Santíssima Trindade, de igual para igual. O Deus Criador – Deus Pai -e o Deus Espírito Santo estão muito longe do alcance dos pequenos. Acho que, só mais tarde, o PAI e o ESPÍRITO SANTO sairão dos catecismos para fazerem parte do coração de cada uma das crianças que passaram por mim.

         Uma vez, fiquei insistindo, maçando demais sobre o assunto, frisando muito a figura do Espírito Santo, em forma de pomba, e  uma de minhas filhas me cortou:

         _ Ah, não, mamãe, não entendo nada desse DEUS-PASSARIHO!

 

.....................................................................................................................

         Agora, o Deus/Jesus, sempre notei, era encarado como um menino levado, como um moço legal, como um homem comum. Por isso, não tinham –e não têm -a menor cerimônia com o Jesus.

        

         A   Helen, filha de minha amiga Maria Luísa, tinha uns cinco anos.

         Viva, esperta, liderava uma brincadeira naquela tarde azul.

De repente, uma coleguinha  falou um nome-feio.

Foi um bafafá: era Quaresma.

_Não pode falar nome –feio! Deus escuta tudo... Deus vê tudo...

E a Hélen, doida para continuas a brincadeira:

_ Vamos brincar, gente! Tem nada, não!  Deus morreu ontem! Eu até fui no enterro dele com  com a mamãe!

E a turma continuou a cantar na “ maior bondade”, como falamos por aqui....

.....................................................................................................

 

Minhas meninas estavam brincando  no meu quarto, onde há um crucifixo grande e antigo.  

Corre daqui, corre dali, uma delas falou:

_Assim não vale! Assim não vale!  Você olhou, você olhou!

_Não olhei, juro, juro que não olhei!

_ O Deus tá de prova ! Ele vê tudo!

Cheguei ao quarto bem na hora em que ela estava virando o crucifixo para a parede.

_Que é isto, menina? Você vai quebrar o meu crucifixo! Para com isto, para!

E ela na maior responsabilidade:

_Acho que Ele tá enredando tudo pra ela... Agora, virado pra parede, quero ver Ele contar o esconderijo...

 

 

Sexta-feira da Paixão. Almoço da turma toda.

A avó/cozinheira se via às voltas com a turma dos pequeninos: uns tinham mais de 7 anos e não podiam comer carne.

_ Só um pedacinho, vovó!

A Isabela, muito falante, muito pra frente, liderou uma comissão de primos...

_Vamos lá falar com Ele! Vamos perguntar se pode...

Acompanhei de longe, para ver a idéia dela.

Voltaram triunfantes!

_Pode, vó, todo mundo pode comer carrne !

_Como assim?

_Uai, nós fomos lá no Jesusinho da sala (presépio) e eu perguntei pra Ele...

__ Ah! É! E o que foi que Ele falou ?

_ Ele ficou rindo... Então, claro que pode!

    Aí, eu quis saber:

_Por que você não foi ao meu quarto? É mais perto...

_Nem, de jeito nenhum.... Aquele lá é gente grande...

 

......................................................................................................

A Alice já nasceu vaidosa: vive de esmalte  colorido, com strass. brilho nos lábios, uma graça.

Apareceu aqui, em plena Semana Santa, com um esmalte vermelho vivo. Eu brinquei:

No meu tempo, na Quaresma, a gente nâo podia usar roupa  muito estampada e... e... nem esmalte vermelho....

_ Por quê?

A Globinha – apelido da Alice, aqui em casa -ficou pensativa e eu me esqueci daquilo.

Passado um tempo, volta a Alice nos seus esplendorosos 10 anos:

         _E assim, vó, dessa cor  pode?  

         Desmaiei de rir... Ela pintara as unhas todas, inclusive as dos pés, de esmalte preto... E ainda caprichou nos arabescos roxos....

 

.....................................................................................................................

        

 

         Da turma dos  miudinhos, o Artur é o que já consegue conversar direitinho. Com 4 anos, aprende tudo na escolinha.

         Dia deste, eu vinha embora para Dores.  E ele é apaixonado pela vovó Brrrrrranca. Então, já viu, ia ser um choro só....

         Minha nora quis desfazer o clima de emoção e falou:

         _ Nossa, Artur. Conta pra vovó como é a poesia que  você aprendeu, conta!

         _ Qual?

         _ A do arco-íris...

         E ele,  com os olhinhos molhados, recitou para a vovó - com voz de choro- um poeminha  do qual eu só consegui guardar:

                           “E o Deus pegou o pincel

                                 E pintou um arco-íris

                                 Lá no céu....”

        

        

                                                       

         _Será por que que a vovó  só  via, pra todo lado  que olhava,um arco-íris  bem pertinho de seu olhar?

         ‑ Será por que ?                                         

     

                                                          *********************** ***********************************************                                             

 

 

                                                   Dores do Indaiá, 12 de março de 2008-

                                            (Para a minha neta Fernanda que hoje faz 11 anos e que me ensinou a passar meu primeiro e-mail)

 

Desejando Feliz Páscoa aos meus leitores, envio-lhes duas crônicas sobre este tempo cheio de reflexões e lembranças. Minhas Páscoas foram poéticas, podem ver!
 
Pázcoa
Maria

............................................................

 

Gosto de escrever Pázcoa com Z por causa da Paz.

Meus netos estão brincando no quintal. Daqui, de cima da escada, namoro o céu.

- Vovó, o que você tá olhando?

- Uai, tô olhando o céu...

- Será que Jesus já chegou lá?

Por um instantezinho, ficamos vigiando aquele mundão de azul. Quem sabe, esperávamos a aparição milagreira?! Quem sabe?

Nos meus tempos de Estrela (do Indaiá, claro!), Jesus ressuscitava era no sábado – SÁBADO DE ALELUIA!

E era tanta magia, tanta espera, que a palavra ALELUIA sempre acende uma luz nova em meu coração!

Olho meus netos lá no quintal: um novo ninho de meninos à espera de uma Pázcoa nova – Fernanda, Isabela, Alice e Luísa, Clarissa e Rafael, Elise e Netinho...

Vontade de fabricar um dia de ALELUIA para eles! Um dia iluminado que, para sempre, fosse um farol para meus netos. Assim como acontece comigo: uma lâmpada que continua luzindo em minhas lembranças, clareando minhas estradas.

O mundo era místico, cheio de rituais. No sábado da Semana Santa, havia o cerimonial do ROMPER DAS ALELUIAS.

Era um passe de mágica!

Papai conduzia o cerimonial de mistério e piedade. O pano de fundo era o quintal fresco e verde e florido.

Um bando de meninos, quase em êxtase, literalmente ajoelhados em volta de uma bacia de alumínio, reluzente ao sol. A Ana, compenetrada em seu papel no ritual mágico, trazia a água pura e límpida – ÁGUA DA VIDA!

A água dançava lentamente na bacia. A menina, rodeada de irmãos, seguia a dança do sol dentro da água.

Papai anunciava:

- Nove horas! É o ROMPER DAS ALELUIAS!

Havia um mistério no ar! O silêncio fazia ruído nas folhas e nas ramagens de meu quintal estrelado. E meu olhar adivinhava, descobria uma luz diferente dentro da água... De verdade, penso que até víamos Jesus subindo ao céu...

Mamãe falava, como em prece:

- Jesus subiu ao céu!

Nosso olhar se fixava no céu da Estrela, lindamente lavado de azul.

Como estou fazendo agora, em 2006, tentando fabricar aleluias para meus netos. Só que, tantos anos e caminhos depois, não sei como fabricar aleluias...

 

Então... o milagre!

- Vovó! Olha que beleza!

Corre, gente! Vem ser!

A casa toda correu lá em baixo, a Lilise/Elise molhava as plantas com a mangueira, rodeada de primos. O sol flechou a água límpida. Minha neta descobriu, encantada, que tinha um arco-íris nas mãos.

- Um arco-íris de verdade, vovó!

Entre filhos e netos, comemorei a mais bela Pázcoa de minha vida sem o BEM. Dessa vez, as ALELUIAS romperam dentro de um arco-íris, colorindo a tarde e meu coração.

- Vovó, o que você está olhando?

- Uai, tô olhando o céu...

Meu coração repete baixinho:

- Jesus acabou de chegar lá.

Lentamente, entro em casa, pelos braços dos filhos. Tão fácil acreditar! Tão fácil!

Mesmo sem o meu povo! Mesmo em 2006.

 

..........................................................................................

Dores do Indaiá, 21 de abri de 2014.

 
 
ESCOLA NORMAL
Maria



Eu tive muitas alunas brilhantes que, mais tarde, se transformaram em professoras excelentes.
APPARECIDA FIDELIS  é uma delas: Foi minha aluninha no segundo ano primário e, depois, foi professora de meus netos e... que professora!
Ela é de famílias tradicionais da cidade, cuja marca registrada, entre as moças, é ser PROFESSORA INESQUECÍVEL. Seus pais foram Dália Faria Fidelis e José Fidelis, casal muito querido na cidade- deixaram só amigos e boas lembranças.
Aparecida é casada com Mário Antônio de Oliveira, também de grande e tradicional família dorense.
Atualmente, o casal já acompanha os passos dos netinhos que já estão chegando.
Vejam entrevista de Aparecida:  








Nome do(a) entrevistado(a): MARIA APARECIDA FIDELIS DE OLIVEIRA 
Data: 25/10/2010

1 – Em que período você estudou na Escola Normal?
De 1962 a 1971.

2 – Lembra-se dos nomes dos Professores?    
Alguns... Leonardo, Ozanan Botinha, Pedro Oliveira, Augusto Mello, Carvalho, Rosa Moura, Amélia, João Batista, Sides Vargas, Aparecida França, Noêmia Ribeiro.

3 – Como era a disciplina?
 
Era severa. Às vezes, até demais. Me lembro que não tivemos as comemorações do certificado de 8ª. Série por motivo de desrespeito à bandeira do Brasil, o Diretor Pe. Miranda nos castigou.


4 – Lembra-se, ou teve notícias do terrível incêndio do Internato?
Não me lembro. Não estava na Escola Normal ainda.

5 – Havia alunos de todas as classes sociais na Escola? E de raças diferentes?
Sim, havia alunas de todas as classes sociais e raças diferentes.

6 – Como eram admitidos os alunos na Escola Normal?
Eu fui admitida através de seleção na 5ª. Série.

7 – Conte detalhes de sua vida escolar: colegas, uniformes, aulas de Educação Física, teatros.
Tenho boas lembranças. Tinha bom relacionamento com as colegas, o uniforme era exigência diária, as aulas de Educação Física eram dirigidas com muitos e variados exercícios físicos. Pouco teatro, mas de qualidade.

8 – A Escola representava que papel na Sociedade?
Representava o papel de educador sério e respeitoso. Base forte da sociedade.

9 – Um diploma de Normalista tinha significado diferente do de hoje? Por quê?
Muito. No meu caso era tanto para mim como para meus pais. Minha mãe falava com o maior orgulho: “tenho quatro filhas PROFESSORAS”.

10 – Fale sobre recreios, aulas diferentes, alunas-mestras, auditórios, teatrinhos, merendas, Horas cívicas, aulas na Biblioteca, desfiles nas comemorações, enfim, relate fatos – de qualquer natureza – que você presenciou, viveu ou observou. Esses fatos podem fazer parte de uma história diferenciada sobre o ensino de uma época.
Ser Aluna-mestra marcou minha vida. Achei muito importante ser aluna-mestra e foi onde afirmei minha vocação de mestra. Marcante também foram as festas no Salão Nobre da Escola, cada um mostrando seu talento: danças, alunas que
tocavam piano, como era lindo ouvi-las. Os desfiles cívicos eram lindos, os uniformes impecáveis, os sapatos engraxados, o comprometimento sério e prazeroso. 
O ensino de minha época fez o alicerce de nossa história. Uma base forte, responsável, feliz. Nos meus 30 anos de educadora, me espelhei eu meus mestres queridos e fui respeitada e amada por meus alunos e pais. Uma história bem vivida, com ensino de qualidade só pode ser bem lembrada.

ÉDNA CAMARGOS
............................................................................................................................
ESCOLA NORMAL
MARIA
Quem marca presença aqui em nossa página, é ÉDNA CAMARGOS, representante da escola tradicional: disciplina e respeito acima de tudo!Professora excelente, enérgica, é respeitada em todas as áreas educacionais da cidade, pelo exemplo de dedicação ao trabalho.
Édna reside em Dores, ao lado de sua mãe, D. Édna Cordoval Camargos, como um anjo da guarda: herdou da mãe, não só o nome, herdou a solidariedade. O sobrenome lhe veio do pai, Carlos Camrgos, já falecido.



 
 
 
 
 
ENTREVISTA

Nome: ÉDNA CAMARGOS

1 - Você foi aluno(a) da Escola em que período?
De 1961 a 1968.

2 - Quem eram
      - Diretor(a): João Neves, Dr. Augusto, Pe. Miranda, João Bosco de Almeida Barbosa.
      - Professores(as): José de Oliveira Carvalho, Mário de Oliveira Carvalho, Sílvia Moura, Leonardo, Amélia, Adélia, Rosa Moura, Ozanan Botinha, Carmen
Fiúza, Helena Guimarães, Noêmia R. Melo, Maria Campos, Pedro Teles de Oliveira, Silvinha e Aparecida França.
3 – Outros funcionários: Cacilda, Francisca, Genoveva, Olga Nogueira, Nízia, Deolinda Coimbra, Hélio Santos Chagas.

4 – Havia alunos de todas as classes sociais em sua época?
Sim.

5 – Havia alunos de diferentes raças?
Sim.

6 – Como era a disciplina?
Excelente.

7 – Havia alunos de ambos os sexos?
Não, só feminino.

8 – Relate fatos interessantes sobre seu tempo na Escola, sobre alunos, professores, importância da Escola na sociedade, qualidade do Ensino e outros de que você se lembre.
Todos os alunos se cumprimentavam. Os professores quando entravam na sala de aula cumprimentavam os alunos e todos respondiam corretamente: Bom dia! A Escola era importantíssima para todos os alunos e professores. A qualidade do ensino era maravilhosa.

ESCOLA NORMAL

Maria

 

Enviei as perguntas para todos os diretores da Escola, em 28 de maio de 2010.

JOSÉ DE OLIVEIRA CARVALHO – o Lord da Escola – com sua pontualidade britânica, com sua simpatia e cordialidade, enviou-me as respostas e suas opiniões.

Fui aluna do Professor Carvalho, no Ginasial. Suas aulas eram dadas em tom ameno, quase música, e a gente aprendia, pela entonação, pela excelência da pronúncia: em FRANCÊS, em INGLÊS, SUAS MATÉRIAS,

ou no português diário, como Diretor, como Professor, ele deixou marcas de sobriedade e finesse em todos nós.

Professor Carvalho, ao lado de sua Eunice e dos filhos, vive em Belo Horizonte, onde foi homenageado, ao lado de seu irmão, também Professor – MÁRIO DE OLIVEIRA – na ADI – Associação dos Amigos Dorenses,onde foram homenageadas as escritoras dorenses,D. IVANIR CHAGAS COUTINHO E  MARIA.

Foi mais um prazer que tive!

 

 

 

.........................................................................................................................

1 – Qual a matéria que você lecionava? Em que ano? Curso?

Latim, posteriormente substituído pelo Inglês e Francês. De 1945 a 1969. Adaptação e Normal.

2 – O professor era bem remunerado em sua época?

Não.

3 – Como o professor era admitido à docência?

Através de curriculum e teste no Instituto de Educação em Belo Horizonte.

4 – Quem era o(a) Diretor(a) nesta época?

Professor Anselmo Barreto.

 5 – Quem eram os(as) Inspetoras de Ensino?

Cornélia Véo e Maria Rita (esposa do Zé Mendes).

 6 - Havia cursos para os professores se reciclarem? Onde? Quem os custeava?

Sim. Instituto de Educação. O Estado.

7 – Como a disciplina era mantida?

Naturalmente pelo respeito aos professores.

 8 – Quais as matérias formavam o Currículo?

Português, Matemática, História, Geografia, Ciências, Línguas, Música, Psicologia, Artes e Desenho.

 9 – Os pais participavam da vida escolar dos filhos? Como?

Não. A educação era responsabilidade da escola.

10 – Qual era a função social do professor naquela época?

Instruir e educar.

 

 Caríssima Branca

 Com o meu abraço de ex-professor estou lhe remetendo o questionário que você me passou. Não sei se ficou do seu agrado, pois estou remoto no assunto. No entanto, foi com muito amor que o fiz, principalmente em se tratando de coisas e assuntos referentes à minha saudosa Dores do Indaiá, berço de grandes vultos e de nossa inesquecível Escola Normal de tão belas tradições.

 Parabéns, Branca, sucessos e mais sucessos no seu árduo trabalho de pesquisadora/escritora.

 Com o meu abraço e de Eunice desejamos-lhe e aos que lhe são caros, um Ano Novo completo.

   José de Oliveira Carvalho.

Nome do entrevistado: JOSÉ DE OLIVEIRA CARVALHO                  Em 03/01/2011

1 – Época em que dirigiu a E. E. Francisco Campos:

Fui diretor durante nove anos e alguns meses na década de 1950.

2 – Como eram escolhidos os Diretores?

Os diretores eram escolhidos pela Secretaria Estadual de Educação.

3 – Quais os cursos a Escola oferecia à época?

Os cursos oferecidos à época pela E. E. Francisco Campos eram: Adaptação e Normal.

4 – Fale sobre o ensino, sobre o legado cultural que a Escola representava, sobre a atuação do Estado na Educação naquele tempo.

O ensino era visto e praticado com seriedade, dedicação. A EEFC era um ícone em todo estado, liderou o ensino naquela região durante anos para orgulho dos dorenses. Deixou um legado valoroso demonstrado por seus ex-alunos, muitos dos quais tiveram e tem destaque nacional e até mesmo internacional, com base e cultura adquiridas nesse renomado estabelecimento.

5 – A classe de Professores/Educadores já enfrentava problemas de baixos salários?

Enfrentava problemas de “baixíssimos” salários. Além de baixos salários ainda enfrentávamos atrasos nos pagamentos.

6 – Se houve o problema, quais as consequências ele trouxe para o ensino?

O ensino não sofreu nenhuma consequência em função disto, pois o dever de educar sobrepunha este problema.

7 – Se havia greves de professores em sua época, qual o papel do Diretor?

Nunca houve greve durante minha gestão como Diretor. Não eram habituais greves à época.

8 – Se possível, fale sobre o papel social que a Escola exercia na sociedade.

A E. E. Francisco Campos exercia importante papel na sociedade, pois era referência na formação cultural da cidade e região.

9 – Relembre fases importantes da Escola, Diretores, Funcionários, episódios marcantes, disciplina, seu prédio original, pinturas, Museu, Biblioteca, pátio, mobiliário, Classes Anexas, reformas educacionais e reformas físicas do conjunto arquitetônico original.

Fundada em 1928, a E. E. Francisco Campos teve destaque desde então, começando pela imponência de seu prédio, e dirigida por um corpo docente de elite. Dentre seus vários e valorosos diretores está o alemão Dr. Smith (?), que à época, de acordo com o então Ministro da Educação, o grande dorense Francisco Campos, intermediou a compra de todo equipamento do laboratório e museu, diretamente da Alemanha. Originalmente o pátio só tinha árvores, posteriormente foi construído o galpão para prática de educação física e quadra de vôlei. Outro fato curioso aconteceu com a Diretora D. Ester Alves, que faleceu no exercício da sua função, no dia 13 de Maio, às 13 h, na sala 13.

10 – Se omiti algum fato relevante/interessante – que possa enriquecer a história de nossa Escola – fique à vontade para relatá-lo.

Nada consta.

11 – Como o trabalho do Professor era visto pela sociedade?

Com reconhecimento e respeito.

12 – Havia jornais editados pela Escola?

Não.

13 – Havia salas-ambiente para algumas matérias: Música, Geografia, Área de Ciências e um galpão equipado para as aulas de Educação Física. Fale sobre elas, sobre sua importância no aprendizado.

Estes ambientes equipados eram um respaldo para facilitar e motivar o aprendizado. As aulas de música eram acompanhadas ao piano pela professora, ciências no laboratório e geografia também numa sala específica.

14 – Como era o Museu? Ele fazia parte específica das aulas ministradas?

O Museu tinha um equipamento de altíssimo padrão, todo importado da Alemanha e fazia parte das aulas ministradas. Pesarosamente, a cada reforma desapareciam vários aparelhos.

15 – Você tinha colegas de trabalho vindos de outras cidades? Quais eram eles? Que matéria lecionavam?

Sim, Dona Esther – natural de Ouro Preto – lecionava Psicologia; João Neves, também natural de Ouro Preto, lecionava Matemática; Professor Leonardo Mota de Vasconcelos, natural do Ceará, lecionava Latim; Osanan Botinha, natural de Luz, lecionava Português e Latim; Emílio Andrade, natural de Abaeté.

16 – Como era a vida social da cidade naquele tempo?

Havia mais proximidade entre as famílias, a vida social se dividia entre as festas tradicionais da cidade, filmes assistidos no Cine Teatro Indaiá e horas dançantes no Indaiá Clube.

17 – A Escola era elitista àquela época?

Sim, naturalmente.

18 – Como era feita a admissão de alunos à Escola?

Mediante teste admissional.

19 – Havia acesso de alunos de todas as classes sociais à Escola?

Poucas exceções. A classe menos privilegiada tinha menos acesso à educação naquela época.

20 - Havia elitismo de raça, religião, etnia àquele tempo?

Sim, mas, naturalmente à época só as classes mais privilegiadas tinha ingresso à educação, a religião predominante era a Católica, mas não havia objeção quanto ao ingresso de alunos de outras religiões.

21 – O professor era bem remunerado em sua época?

Pessimamente mal remunerado.

22 – Como o professor era admitido à docência? E o diretor?

Mediante curriculum e teste no Instituto. O Diretor era indicado pela SEE.

23 – Havia avaliação para o trabalho do professor?

Não.

24 – Qual era o papel da Escola na sociedade.

Vide resposta no. 8.

25 – Omiti alguma questão educacional que você julga importante para ser citada? Qual?

Nada relevante.

25 – Relate fatos interessantes sobre a vida da Escola naquele tempo (perdas, fatos pitorescos, relevantes, únicos, vanguardistas, culturais, hilariantes, prêmios, repercussão na cidade/estado/país, tudo o que julgar importante para que o perfil de nossa Escola seja o mais fiel possível à sua importância.

Vide resposta no. 15 – morte da D. Esther; e da Rita “Bigoduda”, estimada faxineira.

 

terça-feira, 22 de abril de 2014

ESCOLA NORMAL 
MARIA
 
Duas irmãs que sempre me encantaram: a Dora, pela suavidade, pela simplicidade, pela facilidade em se relacionar com as pessoas.
 A Dalva, pela beleza, pelo porte e, ambas, por serem filas de uma senhora que eu julgava lindíssima, desde quando a conheci, menina ainda: D. Aurora Argolo, casada com o Dr. Argolo, de cuja pessoa, sempre ouvi histórias de sua solidariedade com quem precisasse. Advogado, tomou parte em todos os movimentos sociais de sua época, trazendo novidades do Rio de Janeiro, sua terra natal. Aqui se casou com uma dorense, D. Aurora e tiveram bela família. Outro motivo de lembranças boa: a casa maravilhosa, grande, espaçosa, e onde eu ouvia, sempre que passava, o som de um piano ...Claro, são lembranças materiais que impressionavam a menina que eu era à época. Hoje, sei que, muito além da casa bonita, do piano e da senhora sofisticada, era uma família que fez história em todos os movimentos progressistas da pequena cidade.
Dos filhos, ficou-me a lembrança de todos, em especial doVicente, colega do BEM,   que me escreveu carta linda quando ficamos sem ele... Das moças, ficou-me a amizade sincera da Dora, amiga de minha mãe, de minhas tias...E a Dalva me deixou, além da lembrança de sua pessoa elegante, uma entrevista muito rica sobre a Escola Normal. Vale muito a pena conferir.Ambas residem em Belo Horizonte, e os pais já se transformaram em saudades...
Obrigada, Família Argolo!
 
Dores do Indaiá, 23 de abril de 2014.
.............................................................................................................................................................
 
Belo Horizonte, 8 de janeiro de 2011.

  Branca,

 Tão bom receber carta sua!   noticiosa e até divertida.
Você está bem de saúde, bem com todos da família? Muitos netos?
   E você com o trabalho relativo à Escola Normal? As colaboradoras são várias e como se nota, as ex-alunas empolgaram. Bom demais a boa vontade e você seleciona as pesquisas.
 estou com sua carta noticiosa e até divertida.
 Passei o formulário para Dalva e penso que ela já respondeu. Pesquisa boa que todos certamente darão resposta.
 Nós, em nossa época aí, vivemos Dores em todo o sentido. Reuníamos no quintal lá de casa com a turma de Luizas para comemorarmos festas juninas – daí você imagina a parreira iluminada e enfeitada com biscoitões, bandeirinhas... Míriam e Celina Antunes assando batata doce, os foguetes estourando e até quadrilha surgiu. Fui eleita Miss Quintal e na hora do desfile o cordão da saia arrebentou... Irmã Luiza feliz de nos ver unidas. Meus pais também.
 Foi uma época de entrosamento com as Luizas de Bom Despacho – os velhinhos esperando algo de nós pelo pacote de gêneros e visitas.
 Passei aperto porque minha protegida brigou com a vizinha – veja que coisa! Ela foi presa e a vizinha já com o coração fraco, perdeu a vida. Juraci Guimarães e eu se revezando na Cadeia em assistência. Dia e noite! Nossa!
 Meu pai e Dr. Di atestaram que ela já estava doente e o Juiz aceitou.
 Minha pesquisa sobre a Escola Normal é fraca. Depois do primário estudei no Ginásio Dorense, mas alguma coisa estou lembrando. Veja aí. Colaborei com a Dalva nos nomes dos professores.
 Estou lhe enviando nomes e endereço de alunas que podem colaborar.
 Desejo sucesso à equipe de profissionais.
   Meu abraço amigo.
    Dora
.................................................................................................................................................................