terça-feira, 6 de maio de 2014


 
Foi em 2009.
Mas, neste final de semana, a Clara, minha neta caçula, aparece de novo - veio aqui "pra você me ver vestida de anjo..."
 
A cena de ternura se repetiu...
Então, repasso a vocês a beleza desse instante!
 
 
 
 
 
ANJA CAÇULA

 

Maria

 

Eu pensei que anjos estivessem completamente fora de moda.

Eu pensei que ninguém mais se emocionaria com uma menininha vestida de anjo, com diadema, asas leves e vestido de casinha-de-abelha.

Mesmo aqui, no interior, já não  se ouve falar de anjos-de-maio com o entusiasmo antigo. As coroações não arrastam mais multidões às igrejas, não comovem : maio é quase um mês comum...

QUASE...

Porque, alguma coisa ficou no coração de cada um.  Uma coisa maior, uma coisa que vai além da correria moderna. Quem sabe, anjos têm o sortilégio de

reacender chamas, de fazer renascer emoções antigas, piedades que vão-se apagando com o tempo.

 

Pois, foi assim que meu alpendre apagado - esperando mais uma noite cair –

se iluminou de repente, porque nele apareceu minha neta caçula – a  Clara – vestida de anjo...

Alguém ligou todas as luzes, alguém abriu as janelas,  a lua desceu do céu, tudo porque a Clara tinha virado uma anja – a ANJA CAÇULA...

Descobrimos rosas no jardim, perfume de flores se espalharam no ar, o nome de Nossa Senhora foi repetido e lembrado nas conversas, todos riam, todos estavam felizes.  Tudo, por que uma menininha apareceu vestida de anjo.

A cestinha          da anja ficou cheia de pétalas macias, a televisão ficou falando pra ninguém e o povo parava para ver a Clara, linda e iluminada no seu vestido cor-de-rosa de cetim...

 

Quem sabe, Deus ainda não teve a idéia de colocar anjos de verdade praqui-,   prali, perto do povo, um em cada esquina, nos passeios, nos alpendres...

Aqui fica a sugestão, meu Deus.  Deu tão certo a aparição de uma anja no meu alpendre!

 

Ah, eu, se fosse o Senhor, aproveitaria o embalo do maio e enfeitaria o mundo com anjos e anjas... Até, desceria alguns aí do céu ....

Sabe, o povo ia se encantar, ia repensar a beleza do tempo antigo, ia sair às portas, ia conversar, ia acender suas casas, ia falar em Nossa Senhora, em flores, jardins e luas...

Eu penso, meu Deus – e me desculpe pela intromissão – eu penso que que o mundo ia ficar bem mais ajuizado e bonito.... Ah, se eles visse a minha neta caçula, sei não!

 

Dores do Indaiá, 30 de maio de 2009.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário