PAUSA
Vamos fazer uma pausa na História Oficial da Escola
Normal, pra lembramos um causo relatado por Sô Waldemar, causo que ouço desde
menina e que se tornou anedótico em Dores do Indaiá...
Vale a pena conhecê-lo e rir um pouco...
O
INCÊNDIO DA ESCOLA NORMAL
(Do livro Só mesmo em Dores do Indaiá... de
Waldemar de Almeida Barbosa, págs.94/95)
“Creio que foi em 1932. Muita gente deve lembrar-se do
famoso incêndio na Escola Normal. Uma
pessoa avistara grossas labaredas no canto externo do prédio. O vento que
soprava de leve ainda mais prolongava as labaredas. Essa pessoa mal avistou as chmas, disparou
pela Rua Cel. Alexandre, em direção à casa do Diretor, Dr. Edgard Pinto Fiúza.
Pelo caminho, ia gritando: ‘Incêndio na Escola Normal! A escola está pegando
fogo!’
Ora, a Escola foi sempre a menina dos olhos de Dores do
Indaiá, considerada grande patrimônio cultural da terra, verdadeiro orgulho do
povo. Foi um Deus –nos-acuda. O Dr. Edgard sem chapéu (na época, quase um
escândalo), saiu em loouca disparada; pelo caminho ia chamando gente pra
acudir. Alguém toma a iniciativa de mandar repicar os sinos da igreja de São
Sebastião (a primeira, já demolida); os relógios iam marcar 9 horas (21h)...
O repique dos sinos foi realmente verdadeiro alarme. Que é,
que não é, a notícia correu com rapidez e a população inteira se encaminhou
para a Escola Normal. Verdadeira multidão foi-se concentrando nas imediações do
prédio. Alguém lembera que o incêndio poderia ter sido provocado por
curto-circuito; imediatamente é desligada a iluminação da cidade que ficou
completamente às escuras, aumentando as apreesões. Ninguém ficou em casa.
Quando o Dr. Edgard chegou, já encontrou aquela multidão
agitada, cada um dando um palpite, uns procurando latas, outros procuravam
saber onde seria mais fácil pegar a água, todos produzindo um vozerio enorme.
Atraído pelo vozerio, surge de dentro do portão, da Escola o Sr. O’Connell, que era o porteiro, homem zeloso e
muito calmo.O Sr. O’Connell abre o portão pelo lado de dentro e aparece. É
quando o Dr. Edgard, ofegante, cansado, pondo a alma pela boca o interpela:
-Que é isso, O’Connell?
O que houve? E o porteiro,
excessivamente calmo, vai respondendo logo:
_Uái, não foi o
senhor mesmo que mandou?
_Que é que eu mandei,
O’Connell, diga depressa! retruca o Dr. Edgard. E o Sr. O’Connell, sem perder a calma continua:
_Gente, o senhor não
mandou pôr fogo naquela caixa de marimbondo? Pois é o que eu estou
fazendo. E apontou para comprido bambu, com uma tocha fumegante na ponta. E,
sem alterar a voz, acrescentou:
_Que será que esse povo
está querendo aqui, a essas horas, heim?
O Dr. Edgard não respondeu. Respirou fundo e sentou-se ali
mesmo, na calçada.”
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Dores
do Indaiá, 26 de março de 2014
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