quarta-feira, 26 de março de 2014


                        PAUSA

Vamos fazer uma pausa na História Oficial da Escola Normal, pra lembramos um causo relatado por Sô Waldemar, causo que ouço desde menina e que se tornou anedótico em Dores do Indaiá...

Vale a pena conhecê-lo e rir um pouco...

 

 

O INCÊNDIO DA ESCOLA NORMAL

 

 (Do livro Só mesmo em Dores do Indaiá... de Waldemar de Almeida Barbosa, págs.94/95)

 

         “Creio que foi em 1932. Muita gente deve lembrar-se do famoso incêndio na Escola Normal.  Uma pessoa avistara grossas labaredas no canto externo do prédio. O vento que soprava de leve ainda mais prolongava as labaredas.  Essa pessoa mal avistou as chmas, disparou pela Rua Cel. Alexandre, em direção à casa do Diretor, Dr. Edgard Pinto Fiúza. Pelo caminho, ia gritando: ‘Incêndio na Escola Normal! A escola está pegando fogo!’

         Ora, a Escola foi sempre a menina dos olhos de Dores do Indaiá, considerada grande patrimônio cultural da terra, verdadeiro orgulho do povo. Foi um Deus –nos-acuda. O Dr. Edgard sem chapéu (na época, quase um escândalo), saiu em loouca disparada; pelo caminho ia chamando gente pra acudir. Alguém toma a iniciativa de mandar repicar os sinos da igreja de São Sebastião (a primeira, já demolida); os relógios iam marcar 9 horas (21h)...

         O repique dos sinos foi realmente verdadeiro alarme. Que é, que não é, a notícia correu com rapidez e a população inteira se encaminhou para a Escola Normal. Verdadeira multidão foi-se concentrando nas imediações do prédio. Alguém lembera que o incêndio poderia ter sido provocado por curto-circuito; imediatamente é desligada a iluminação da cidade que ficou completamente às escuras, aumentando as apreesões. Ninguém ficou em casa.

         Quando o Dr. Edgard chegou, já encontrou aquela multidão agitada, cada um dando um palpite, uns procurando latas, outros procuravam saber onde seria mais fácil pegar a água, todos produzindo um vozerio enorme. Atraído pelo vozerio, surge de dentro do portão, da Escola o Sr.  O’Connell, que era o porteiro, homem zeloso e muito calmo.O Sr. O’Connell abre o portão pelo lado de dentro e aparece. É quando o Dr. Edgard, ofegante, cansado, pondo a alma pela boca o interpela:

         -Que é isso, O’Connell?  O que houve?  E o porteiro, excessivamente calmo, vai respondendo logo:

          _Uái, não foi o senhor mesmo que mandou?

         _Que é que eu mandei,  O’Connell, diga depressa! retruca o Dr. Edgard. E o Sr. O’Connell,  sem perder a calma continua:

         _Gente, o senhor não  mandou pôr fogo naquela caixa de marimbondo? Pois é o que eu estou fazendo. E apontou para comprido bambu, com uma tocha fumegante na ponta. E, sem alterar a voz, acrescentou:

         _Que será que esse povo  está querendo aqui, a essas horas, heim?

         O Dr. Edgard não respondeu. Respirou fundo e sentou-se ali mesmo, na calçada.”

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                Dores do Indaiá, 26 de março de 2014

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