sábado, 29 de março de 2014

 

Outra Entrevista dos tempos áureos da Escola Normal.
Hoje, a história  fica a cargo da Maristela Silva Veloso, filha do Demóstenes e D. Emilinha - aquela representante da ALEGRIA - aquela que está sempre com a cara melhor do mundo... Aquela moça bonita - hoje, vovó bonita - que encantou o cerimonioso Benedito Veloso - do BEMGE - com ele se casou  vivendo em Nova Serrana, curtindo a saudade do maridão, que cedo ainda  foi morar com os anjos...
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 Prezada Branca,

 Quando se nos oferece uma alavanca extra e eficaz para “libertar” o manancial de lembranças, o impulso inicial é deixá-la de lado. No dia-a-dia, se vai acostumando, criando amizade e... de repente, ela é uma amiga a nos exigir confidências que só nos trarão lembranças saudosas, mas muito, muito agradáveis e doces. Foi o que me aconteceu ao receber sua solicitação. Selecionei esses “causos”, mas há uma gama imensa de outros se acotovelando para virem à tona, afinal, foram 8 anos de vivências (1 para a repetência) na E.E.F.C.
 1º.) Dores, cidade tradicional, hoje percebo uma família numerosa, com poucos enxertos estrangeiros. Tradição: falecia uma pessoa ligada à Escola, essa comparecia em massa, não se contentavam com uma pequena embaixada. Morre o irmão de D. Helena Caetano, de D. Tota. Acompanhamos o féretro da residência (você bem sabe de qual casa) até Igreja Matriz. A missa seria rezada. Maria Ester (minha prima, filha de Vicente e Celina) começa a segredar de ouvido a ouvido: “no caminho do nosso sítio está uma beleza: o verde das gabirobas com o verde-amarelado das cagaiteiras”. Essa missa será demorada, vamos lá? 
 Saíram as corajosas: uniformes de meia-preta, saias pregueadas abaixo do joelho, cabeção e punhos arrancados e a poeira fina para enfeitar tudo isso e proteger do sol escaldante.
 Não contávamos que algum pedestre mais esperto já havia feito antes a colheita das cobiçadas frutas. Mas valeu: os casos, as risadas, os cantos, as danças improvisadas e as piadas.
 A volta à realidade: um bando de alunas douradas pelo pó, da cabeça à ponta do sapato, para à porta da Matriz. Onde estava o cortejo fúnebre?  Se não havia chegado ao cemitério deveria estar bem próximo! No alto da escada, batendo nas mãos as cadernetas escolares e fulminando com seu olhar penetrante o nosso comitê de recepção, a Veva!
 
2º.) Professor Carvalho acumulava duas funções: Diretor e professor de inglês. Que alegria, essa duplicata favorecia com grande incidência as sonhadas aulas-vagas. Aquela era uma oportunidade sem par para que inovações fossem acrescentadas à rotina, a vida escolar se tornando muito agradável e pitoresca.
 Assim, na aula vaga, resolvemos esconder uma bolsinha que Tirlina (Valterlina) sempre carregava, pois D. Tatão gostava das filhas elegantes. Lendo, Machado de Assis, descobríramos que bolsinha, no português erudito, era bolseta. Amamos aquele adquirir de cultura, apenas trocamos o l pelo r.
 
A bolsinha havia sido jogada da sala do 2º. andar, para o térreo e uma colega a escondera. A Tirlina ficou brava, brigou, ameaçou e nada! Por fim, percebeu que o choro é mais poderoso.
 Vamos descendo a escada com ela chorando, com falta de ar (sofria bronquite) e nós que éramos as criadoras/executoras da ação, conformando-a, com um riso preso no canto dos lábios, aguardando o desfecho.
 Chegamos ao pé da escada. Quem chega a passos rápidos? Ele, o Professor Carvalho. Que cena chocante! O que aconteceu, por que tanto choro? A Tirlina nem vacila para responder: - o senhor viu a minha borsetinha? Ela sumiu. Quem sumiu escada acima foi ele. E nós, quase estouramos de  tanto rir....

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