NOITE
DE VELAS
MARIA
Tenho
dois filhos do mês de março – Eduardo, no dia 11 e Paulo Emílio, no dia 31. O
Ano ficou marcado pelo Eduardo – 64. O dia, pelo Paulo Emílio, o caçula .
Como
esquecer – aqui em casa?- o mês de
março, a Revolução que mudou tanta coisa em nossa história - na do Brasil e na
HISTÓRIA DOS CAETAN0S GUIMARARÃES? Como?
Essa
crônica é para os dois filhos queridos.
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Eu estava de neném
novo – o quarto filho – Eduardo.
Uma escadinha, de ano em ano.
Vivíamos entre fraldas e mamadeiras,
entre chazinhos e talcos. Não havia tempo para nada.
Já era março e o BEM não havia
estreado o guarda-chuva novo que lhe dei no aniversário, para enfrentar as
chuvas de janeiro – mês de seu aniversário.
O guarda-chuva era daqueles que só bastava
apertar um botãozinho... e ploft! ... abria
sozinho, feito um tiro. Naquele ano, esse guarda-chuva era a maior novidade!
Mas naquela noite de março, a chuva
forte apagou a luz e nossa creche
particular virou um fuá! Por isso que, mesmo no escuro, o BEM estreou o
guarda –chuva que se abria sozinho. Onde já se viu passar uma note no escuro
com aquela meninada miúda? O jeito foi enfrentar o toró e comprar velas,
bastante velas, lá no Bazar da Fortuna, com o Moá – Moacir.
Pronto. Velas pela casa toda, restauramos a harmonia
na creche. Os dois maiores Ricardo Antônio
e Altina Lúcia - pingavam vela quente na mão e morriam de rir das verruguinhas.
Queriam, por força, fazer pintinhas na
mãozinha do neném novo, de poucos dias. E ainda havia a Ana Rita, de pouco mais
de uma ano, ajudando na confusão...Foi uma peleja varar a noite... aquela noite
de 31 de março!
Dia novo, ludo lavado pela chuva
forte. O BEM precisava sair e procurávamos o guarda-chuva pela casa toda
E foi então que dei com “ele”, - primeiro, só aparecia seu cabo, de metal,
reluzente num canto, encolhido, escondido das mãos levadas dos meninos.
O guarda-chuva novo! Lá estava ele!
Gente, quase “quebrei o resguardo”
de tanto rir.
Ao comprar as velas, lá no Bazar da
Fortuna, o balcão ficara cheinho de guardas-chuva -o BEM trocou o novo por
aquele ali, velho, baselento, todo furado. No escuro, nem ele – nem ninguém –
deu pela coisa...
Foi assim que a REVOLUÇÃO DE 64
começou aqui em casa: um neném novo, uma noite sem luz, e um guarda-chuva velho
e desbotado. No lugar de um novo, que dava tiro para abrir...
Presente de aniversário.
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